Em época de profunda crise europeia é preciso ser prudente em matéria de novos alargamentos da União Europeia! Sobretudo porque não existem muitas dúvidas de que uma das causas da crise actual que vivemos reside no último alargamento: mal preparado e mal efectuado, de forma apressada e precipitada, ainda não digerido por completo nem absorvido na sua totalidade. Ontem mesmo Adriano Moreira, em palavras sábias e avisadas no-lo recordou de forma indelével: a União alargou-se sem previamente curar da sua governabilidade e da viabilidade do modelo saído desse mesmo mega-alargamento. Ora, neste momento de crise grave, falar de novos alargamentos a curto prazo pode parecer pouco prudente e pouco avisado…. Para mais tratando-se de um Estado (Sérvia) que vai trazer consigo assuntos e questões (ainda) mal resolvidas no continente europeu. Decerto – a Europa sem os Balcãs fica amputada de parte significativa da sua essência e da sua matriz. E numa região com os antecedentes históricos dos Balcãs e com os desejos de influência que suscita, a adesão Sérvia poderá equilibrar, no plano geoestratégico, a adesão croata, equilibrando a influência alemã com a influência francesa. Mas, de uma vez por todas, a adesão à UE não pode ser vista apenas como condição ou garantia para a manutenção da paz numa qualquer parcela do continente europeu descurando tudo o resto. Tem de ser isso mas também tem de ser muito mais do que isso. Deve supor e exigir um aprofundamento político maior, traduzido numa partilha de valores mais consistente e mais aprofundada. Ou então ficamo-nos pelos mínimos que restringem a União Europeia a uma simples e grande área de livre-troca comercial (velho sonho britânico para destino do Velho Continente), sem acentuados aprofundamentos políticos. Se o programa for esse, então que entrem todos: Sérvia, Croácia, Macedónia, Albânia, Kosovo…. até a Turquia! De uma vez por todas: quanto mais se alargar, menos a União se aprofundará. Esta evidência é, hoje, inquestionável. Por isso, quem pretender mais e melhor da UE deve ser mais exigente e mais prudente em matéria de novos alargamentos.