Estava e andava enganado quem pensava que quarenta – sim, quarenta! – anos após o 25 de Abril de 1974, os principais agentes e intervenientes no debate político e social já haviam absorvido na totalidade as regras e o respeito pelo mais elementar funcionamento da democracia. Parece não ser assim. A propósito de uma simples votação na Assembleia da República, não faltaram lamentáveis declarações que encerraram e revelaram profundo desrespeito por aquilo que o funcionamento normal das regras e princípios democráticos acabavam de ditar. Considerar o resultado de uma votação democrática como “absolutamente chocante” ou equiparar Portugal à “Rússia, Roménia e Ucrânia” diz-nos tudo sobre o respeito e a ética democráticas de quem assim atua e não se coíbe de expressar estes juízos de valor. Faltou, de facto, aos deputados que constituiram a maioria pedir desculpas formais à minoria pelo simples facto de, sendo mais, terem obtido ganho de causa numa determinada votação. Não haja dúvidas – há momentos em que as regras democráticas são muito aborrecidas, muito chatas. Deviam ser postergadas. Deviam triunfar os minoritários, quem tem menos votos. São ética e moralmente superiores. Estão do lado certo da história. Do lado do progresso, da vanguarda, à frente do seu tempo. Faltam-lhes apenas os votos. Mas isso são detalhes e pormenores. Irrelevâncias.
Pesquisar por
Artigos recentes
Categorias
- Diário (59)
- Diário de Aveiro (71)
- Diário Económico (16)
- Jornal de Negócios (1)
- Jornal Económico (14)
- O Diabo (20)
Etiquetas
Adriano Moreira
Alemanha
Angela Merkel
Berlim
Brexit
Bruxelas
Catalunha
Chipre
Conselho Europeu
De Gaulle
Democracia-cristã
Donald Trump
Durão Barroso
Eleições presidenciais francesas (2017)
Emmanuel Macron
Espanha
EUA
Eurogrupo
França
François Hollande
François Mitterrand
Frente Nacional
Grécia
Helmut Kohl
In memoriam
Itália
Jacques Chirac
Jean-Claude Juncker
La République en marche
Londres
Madrid
Marine Le Pen
Moscovo
Muro de Berlim
NATO
Nicolas Sarkozy
Paris
Partido Socialista Francês
Portugal
Reino Unido
Rússia
terrorismo
Theresa May
URSS
Vladimir Putin