O arcebispo emérito de Braga, Eurico Dias Nogueira, morreu esta segunda-feira. Com 91 anos, D. Eurico Dias Nogueira era o único prelado português ainda vivo a ter participado no Concílio Vaticano II (1962). Participou nas sessões finais, já como bispo de Vila Cabral, em Moçambique, actualmente a cidade de Lichinga (província do Niassa), no mesmo ano da sua ordenação episcopal, em Coimbra, em 1964. O Concílio Vaticano II terminou em 1965. “Ouvi a convocação do Concílio com muito entusiasmo”, disse da experiência numa entrevista à Agência Ecclesia em 2012. “No início, parecia que o Vaticano, a Santa Sé, quis dominar e orientar as coisas só por ela, mas houve uma reacção forte da periferia. (…) O Concílio tornou-se um lugar de discussão clara, pública e sem reservas, mas terminado verificou-se que havia uma tendência, de novo, da Santa Sé para centralizar”, acrescentou, dizendo que defendia a realização de um Concílio de “50 em 50 anos”. Ou “no máximo de 100 em 100 anos”. Depois de, em 1964, ter sido ordenado bispo também em Coimbra, foi transferido, em 1972, para Sá da Bandeira, em Angola, tendo o papa aceitado, cinco anos depois, o seu pedido de resignação da então elevada arquidiocese de Lubango. Nesse ano, 1977, foi nomeado arcebispo de Braga, entregando a diocese ao seu sucessor D. Jorge Ortiga, apenas em 1999. Publicou vários livros, foi juiz de segunda instância do Tribunal Eclesiástico, leccionou em cursos de pós-graduação para juristas e advogados. E residia, nestes últimos anos, no Seminário Conciliar de Braga. À agência de notícias da Igreja Católica em 2012 afirmou que, como bispo emérito, se sentia “mais à vontade” e com “outra disponibilidade para reflectir”. Também recordou os anos que passou em África quando “criticava algumas posições do Governo” e era considerado comunista.