Veiga Simão. In memoriam

O antigo ministro da Educação, da Energia e da Defesa Veiga Simão morreu hoje aos 85 anos, no Hospital dos Lusíadas, vítima de doença prolongada, disse à agência Lusa fonte familiar. Licenciado em Físico-Química pela Universidade de Coimbra e doutorado em Física Nuclear na Universidade de Cambridge, Veiga Simão foi professor e reitor da Universidade de Lourenço Marques na década de 1960. Foi o último ministro da Educação antes do 25 de Abril, tendo lançado uma profunda reforma no ensino que ficou conhecida como a “reforma Veiga Simão”. Depois da revolução dos Cravos foi deputado socialista pela Guarda, ministro da Energia (1983-1985) no Governo de Mário Soares e da Defesa Nacional (1997-1999) quando era primeiro-ministro António Guterres.

O Documento de Estratégia Orçamental

Foi hoje apresentado o Documento de Estratégia Orçamental para o período 2014-2018. Algumas notas podem ser deixadas ao correr da pena. Assim:
Vamos ficar libertos da troika mas agrilhoados a um DEO de médio prazo que, por não ter sido consensualizado com o maior partido da oposição, tem todas as condições para ser pouco mais do que uma mera declaração de intenções em tudo o que vai para lá de 2015, quando um novo governo deverá tomar posse.
Três notas finais:
1. Confirma-se que não haverá saídas limpas. Estamos condenados a uma trajetória austeritária para consolidar as contas públicas e cumprir o Tratado orçamental;
2. Os cortes nas pensões e salários de funcionários públicos demorarão 5 anos a ser repostos. Traduzindo: em 2018 estar-se-á ao nível de 2010 (quando José Sócrates os iniciou);
3. Acredito que seria socialmente mais justa a criação duma taxa de IVA para produtos de luxo do que agravar a taxa máxima, de forma cega, em 0,25%.

IDL – Instituto Amaro da Costa

Terminei hoje um ciclo, de mais de uma dúzia de anos, em que tive o imenso privilégio de, ao longo de vários mandatos, integrar o Conselho Directivo do IDL – Instituto Amaro da Costa, uma das raras casas sobrantes da democracia-cristã portuguesa, para a qual fui levado pela mão saudosa do não menos saudoso e inesquecível Engº Nuno Krus Abecasis. Dentro das limitações da vida, foram anos de aprendizagem imensa, de contacto privilegiado com gente empenhada em reflectir e pensar, sem outra motivação que não a criação de condições para a divulgação de uma doutrina e um pensamento e para a preservação da memória e do legado do seu patrono. A todos aqueles com quem tive a oportunidade de partilhar esses tempos de inequívoco enriquecimento pessoal – que personifico na pessoa do Comandante Manuel Maria Pinto Machado, o Presidente com quem mais tempo me foi dado colaborar – apenas posso deixar um sentido OBRIGADO pela experiência de que me permitiram desfrutar. Bem-hajam!

Vasco Graça Moura. In memoriam

quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.
quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.
[Vasco Graça Moura, in “Antologia dos Sessenta Anos”]

João Lopes Porto. In memoriam

Era muito mais do que um amigo. Que descanse em paz.
João Lopes Porto, fundador do CDS, ministro da Habitação e Obras Públicas do governo da Aliança Democrática e antigo director-geral da Metro do Porto, morreu na quarta-feira, aos 73 anos, vítima de doença prolongada. “Recordamos, perante a notícia triste da sua morte, o Professor Engº João Lopes Porto. Fundador do CDS e primeira figura centrista no Porto, onde fundou e dinamizou o partido, João Porto foi deputado, secretário de Estado e ministro da habitação e obras públicas no Governo de Sá Carneiro e Amaro da Costa”, lembrou Paulo Portas. O também vice-primeiro-ministro evocou igualmente João Lopes Porto como “professor e pedagogo”, responsável pela formação de “milhares de alunos que recordam o seu espírito analítico e entusiasmo dedicado ao ensino”. “A sua última aula, há três anos na FEUP, teve tema e mote apropriado à sua própria vida: “Engenharia e Humanismo'”, lembrou.

A Ucrânia sob ameaça

Volta a subir ao rubro a tensão entre a Rússia e a Crimeia. Os dados de hoje, denunciados por Kiev, apontam para a existência de um plano da Federação russa para desmembrar a Ucrânia, potenciando a fragmentação do país e estimulando os diferentes nacionalismos que germinam em solo ucraniano. Donetsk aparenta ser o alvo que se segue no objectivo de russificação da Ucrânia. A concretizar-se a suspeição, é novo desafio à coesão ocidental que Putin parece apostado em testar e em pôr à prova. E, no entretanto, é a viabilidade e a existência da própria Ucrânia que está sob ameaça diária e quotidianamente posta em causa.